Por Adriane Garcia
Foto: Márcia Costa |
Bendita a força que conserva
A casa mineira
O portão de tábua
O vão por onde o mato
Oferta flores
Pequenas, desapercebidas
Ao mineiro basta
Que elas estejam
Mesmo se as pisa
É de terra o caminho que leva
À porta
Nas laterais as latas
Improvisam jardins
Seguram as plantas
ornamentais
E ecumênicas:
Comigo-ninguém-pode
É espada de São Jorge
Que perfila na santaria
(Maria, o Menino Jesus
E esta moça Iemanjá)
A sala recebe a visita
E se a luz aconchega é
Entre as frestas
Da cortina de crochê tecida
Por uma dona Tereza
Mariana, Donana...
A mão mineira gosta
De tecer e esperar
A água sempre fervente
Por cima das brasas
Em torno da casa mineira
Há pássaros e brisa
E riso de criança riscando o
silêncio
Enquanto alguém matuta
Um poema
(Mineiro quando vira poeta
É de tanto olhar montanha)
A fumaça evola
É o café
Servido porque não servir
É pecado
E bolinho de chuva é faça
chuva
Ou faça sol
Amanhã no almoço
Ora-pro-nobis
Alguém vai matar uma galinha
A visita repara que Minas
Gosta das suas lembranças
E prende tudo nos retratos
Enquanto o tempo foge
Desgovernado
Seja em automóveis ou carros
de boi
(O tempo não gosta de Minas)
À noite um carteado
Uma moda de viola
E o sono dos mineiros
Depois o silêncio aumenta
A voz do córrego
Antes de dormir
Espanta-se com a vassoura os
sapos
(Amanhã a casa se enche de
netos)
Casa mineira
Verdadeira
Tem cheiro de avó.
Parabéns. Bom saber que os poemas e os poetas não morreram. Tanto no texto quanto na imagem. :)
ResponderExcluirObrigada, querida Cris. Eu e Adriane agradecemos seu carinho.
ExcluirFantástico!
ResponderExcluirFicamos felizes por ter gostado, Cecília. Abraço com pausa.
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