![]() |
Acervo CDA- Cosac Naif (foto publicada pela Folha de São Paulo) |
Por Jean Pierre Chauvin
O poeta circulava pela cidade
Levantara-se do banco sem alarde
Num salto chegava à Praça Quinze
De um golpe, circundou os Arcos.
E como tivesse poucos, raros amigos,
Observava os transeuntes sem conversar
Girando pelo Centro, cogitava abismado:
– Houve novo Bota-Abaixo? Ainda vive Pereira Passos?
Depois de muito vaguear, evocou Bandeira:Observava os transeuntes sem conversar
Girando pelo Centro, cogitava abismado:
– Houve novo Bota-Abaixo? Ainda vive Pereira Passos?
– Que me importa a gente, a orla, o Cristo, o horizonte?
Súbito, aprumou o passo, mirou a praia
E, em condição de estátua, tornou a se sentar.
O poeta confirmou que a vida continuava besta
E, sem disposição para ser nem versejar,
De outro impulso chegou a Pedra do Arpoador
Contemplou a praia, as águas e mergulhou no mar.
(São Paulo, 19 de novembro de 2016).
Chauvin é professor de Cultura e Literatura
Brasileira na ECA, USP.
0 comentários:
Postar um comentário
Os comentários ao blog serão publicados desde que sejam assinados e não tenham conteúdo ofensivo.