quinta-feira, 7 de maio de 2009

Poema de Bruno Villela
Fotografias de Arthur Alonso e Fernanda Terra

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Canos, canais, canoas
Há algo que corre
Mas de tão devagar me enjoa


Canos, canais, canoas
Há algo que morre
Mas que ninguém apregoa


Canos, canais, canoas
Há uma paz por aqui
Mas uma paz que destoa
Casebres, casernas, casulos
De borboleta crescida
Mas que ainda não voa


Canos, canais, canoas
Há uma canção no ar
Mas que nunca ecoa


Canos, canais, canoas
Há um azul tão bonito
Mas que das outras cores caçoa


Canos, canais, canoas
Há tantos jovens lá fora
Mas que vivem a toa
Carolas Caducos Coroas


Canos, canais, canoas
Há um progresso que venta
Mas que nem todos perdoa


Canos, canais, canoas
Há uma umidade que acalma
Mas que corrói a alma e a proa


Canos, canais, canoas
Há uma sede que move
Que move as pessoas
(Mas que o mar tal anseio não sacia
E que talvez no seio da sua senhoria
Ainda doa)
De ser uma mater-polis que estila
E ao mesmo tempo uma vila
Onde o sino ressoa


Canos, canais, canoas
Há algo que escorre
Mas de tão devagar me enjoa


Canos, canais, canoas
Mas há algo que sobe
E que dentro de mim me abaloa

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Bruno Villela tem 25 anos, é natural de Santos, formado em Filosofia pela USP. Professor e educador social na área de cidadania, desenvolvimento local solidário e produção de vídeo e mídia popular. É socialista libertário e escritor ainda anônimo de poesias, contos, crônicas e letras musicais que carregam a influência da filosofia do dub, na colagem de vozes, imagens, sons e ritmos democraticamente ouvidos e interpretados.


Nota da Revista Pausa: A formatação da postagem original acabou cortando o início do poema, alvo de comentário do autor, publicado abaixo. Nesta segunda edição da postagem, o blog busca reparação com a reedição da poesia corrigida e com o acréscimo de outra fotografia de Arthur Alonso e ainda mais uma de Fernanda Terra, todas enviadas por Soraia Melo, que havia sugerido também o poema.

3 comentários:

  1. Poxa bem bacana, pena que cortaram o começo que é essencial tanto no conteúdo quanto na forma...

    lá vai ele inteiro pra quem tiver interesse:


    Canos, canais, canoas
    Há algo que corre
    Mas de tão devagar me enjoa

    Canos, canais, canoas
    Há algo que morre
    Mas que ninguém apregoa

    Canos, canais, canoas
    Há uma paz por aqui
    Mas uma paz que destoa
    Casebres, casernas, casulos
    De borboleta crescida
    Mas que ainda não voa

    Canos, canais, canoas
    Há uma canção no ar
    Mas que nunca ecoa

    Canos, canais, canoas
    Há um azul tão bonito
    Mas que das outras cores caçoa
    Canos, canais, canoas
    Há tantos jovens lá fora
    Mas que vivem a toa
    Carolas Caducos Coroas

    Canos, canais, canoas
    Há um progresso que venta
    Mas que nem todos perdoa

    Canos, canais, canoas
    Há uma umidade que acalma
    Mas que corrói a alma e a proa

    Canos, canais, canoas
    Há uma sede que move
    Que move as pessoas

    (Mas que o mar tal anseio não sacia
    E que talvez no seio da sua senhoria
    Ainda doa)
    De ser uma mater-polis que estila
    E ao mesmo tempo uma vila
    Onde o sino ressoa

    Canos, canais, canoas
    Há algo que escorre
    Mas de tão devagar me enjoa

    Canos, canais, canoas
    Mas há algo que sobe
    E que dentro de mim me abaloa

    Bruno Villela.

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  2. Caro Bruno.
    Acabei de arrumar a postagem. Peço perdão pelo erro involuntário.

    Forma e conteúdo. É, Bruno, fiquei curioso. Peço que escreva para o blog sobre como conciliar os dois.

    Amistosamente,
    Alessandro Atanes

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  3. Bruno , poética carregada de imagética:
    fanopaica no sentido de Ezra Pound: além do conteúdo me ser precioso: o sentimento atlântico do mundo, a forma é ´´work in process´´: amadurece feito cardume : eficiente, belo, contundente, denso;
    salve, salve Bruno Villela!
    jogue-se 'a Poesia, 'a escritura.
    abraço, Flávio Viegas Amoreira
    flavioamoreira@uol.com.br

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