sábado, 4 de agosto de 2012

A bailarina Ariadne Filipe escreve sobre Meu Jardim Secreto, espetáculo em parceria com o músico e compositor Tarso Ramos selecionado pelo Sesc Santos para usar os espaços da unidade para a realização de ensaios, ações investigativas, palestras e cursos com vistas ao suporte para o trabalho, durante o período de 5 meses. O resultado será apresentado no próximo sábado (11), às 19 horas, no auditório.

Meu Jardim Secreto (imagem de Edvan Monteiro)
Meu jardim secreto busca nas lembranças, emoções e experiências de vida uma relação com as memórias afetivas de infância vivenciadas no jardim do quintal da casa da minha bisavó.

Esse projeto tenta em sua forma criar uma construção poética dessas memórias, apresentando uma proposta de dança aliada à música ao vivo. A presença do pianista não serve apenas para interpretar uma música, mas sim para a reconstrução desse jardim secreto. Ele é o símbolo de um desejo que tenta reacender lembranças permitindo que através da dança seja possível reviver esses momentos tão singelos e sensíveis.

A música sempre busca travar um diálogo com a movimentação, dessa forma o movimento algumas vezes  determina o andamento da música e a sintonia de ambos é que traz à tona as recordações desse jardim secreto partilhado por mim e pelo pianista.

Toda a pesquisa até então realizada partiu de memórias sensoriais e afetivas, buscando uma movimentação que não fosse uma representação das vivências da minha infância, mas que pudesse trazer para o imaginário das pessoas o sentimento de recordar.

A dimensão de tempo – espaço se dá através da busca pela qualidade de movimento que transita entre o lento, staccato e fluído, onde o mesmo acontece com a música.

Busquei ter o cuidado de não ser um trabalho onde as pessoas enxergassem o pianista tocando para a bailarina, mas sim que ambos fossem parte real desse jardim.

Ariadne e Tarso usam o espaço do Sesc Santos para a preparação do espetáculo


A bailarina
Imagem de Alex Hermes 
Ariadne Fernandes Filipe é natural da cidade de Santos/SP. Formou-se em ballet clássico pela Academia de Ballet Valderez (1993). Cursou pedagogia na UNESP de Araraquara, onde, juntamente com outras alunas, formou um grupo de dança atuando como bailarina e professora de ballet clássico, apoiado pela instituição de ensino (1998). Diretora, bailarina e fundadora da Cia Etra de dança contemporânea (2001), morou em Fortaleza/CE durante oito anos e participou de sete edições da Bienal Internacional de dança do Ceará e cinco edições da Bienal Sesc de dança de Santos/SP.

Ganhadora do prêmio de incentivo às artes com o espetáculo De um a cinco (2004) e Entre e saia para as entre salas (2006). Voltou para Santos em 2007, onde vem realizando pesquisas de movimento. Consta em sua trajetória como intérprete da Cia Etra de dança um total de 20 espetáculos de dança, 9 performances, 26 participações em Mostras, Festivais e Bienais Internacionais de Dança, 9 residências, sendo a mais atual com a Cia C de la B da Bélgica, de Alain Platel, e ainda carrega consigo 18 prêmios, entre eles o Prêmio Klauss Viana para montagem de espetáculo de dança 2009.

O pianista

Tarso Ramos nasceu também em Santos em 23 de novembro de 1979. Iniciou os estudos musicais aos oito anos no CLAM, escola de música do Zimbo Trio, em São Paulo. Estudou piano com Jaime Augusto, em Santos e posteriormente ingressou no Conservatório Souza Lima, em São Paulo. Com Francisco Comélli estudou Composição e Arranjo e na Faculdade de Música do Espírito Santo (FAMES) teve o maestro Modesto Flávio como professor de regência.

Em 2002 tornou-se pianista do Parque Balneário Hotel, em Santos, onde permaneceu por quatro anos. Suas interpretações ao piano solo foram apresentadas no programa de rádio Bandas Sonoras Originales, em Valência, Espanha. Em 2010 apresentou na Pinacoteca Benedicto Calixto, em Santos, o concerto de piano solo Eruditos do Cinema Italiano, onde interpretou obras de Nino Rota, Ennio Morricone e Nicola Piovani.

Como compositor ganhou, em 2004, o prêmio especial do Júri no Festival Santista de Teatro Amador (FESTA) com a trilha que escreveu para a peça infantil Água Mole em Pedra Dura... Em 2007 foi convidado pela orquestra Camerata-SESI de Vitória (ES) a escrever os arranjos do concerto Música e Cinema, no qual também atuou como pianista e regente no teatro Carlos Gomes e no teatro do SESI, no Espírito Santo.

Em 2011, se apresentou como músico na Bienal Internacional SESC de Dança e no espetáculo Ácidos Trópicos – uma livre criação sobre a obra de Gilberto Mendes, ambos com o Núcleo de Pesquisa do Movimento. No mesmo ano lançou seu primeiro livro: Ciência da Música – da teoria à regência. Em 2012 lança seu segundo livro: O Homem das Estrelas – vida e obra de Ennio Morricone. Atualmente cursa o último ano de Licenciatura em Pedagogia na Faculdade Metodista.



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