quarta-feira, 24 de março de 2010



Marcelo Ariel

Um livro raro e delicado escrito por uma menina de sete anos, este Poemas divertidos de Flora Santos ( Editora Nossa, 2009). Escapa da conceituação de "livro infantil" que no fundo é limitadora, como toda conceituação. É como se o Livro das perguntas de Neruda estivesse latente dentro desse jardim "fechado" para os adultos. Lendo ou melhor passeando dentro do livro é fácil sentir que as perguntas que as crianças fazem são na verdade uma abertura para o poema possível que a extrema (des) organização da vida cotidiana sempre adia ou contorna. O livro de Flora Santos é um indicador do lugar originário do poema, o poema está onde sempre esteve à espera de uma escuta e este livro é a materialização dessa escuta. Janus Korczac, o pedagogo polônes, morto nos campos de concentração, autor de Quando eu voltar a ser criança e Rei Mateuzinho Primeiro, defendia que a pedagogia em essência fosse o lugar da escuta e do diálogo, Korczac certamente festejaria iniciativas como a da mãe da Flora, que selecionou os textos da filha e editou o livro por conta própria é um exemplo que deveria ser seguido, esse de tornar o exercício de uma escuta, o reconhecimento do lugar originário dos poemas.

POEMAS DIVERTIDOS de Flora Santos
Editora Nossa, pedidos pelo e-mail: lucilajmg@gmail.com


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