sexta-feira, 16 de junho de 2017

Por Flávio Viegas Amoreira

Cadeia Velha de Santos durante o Festival Mirada!
Muito nos toca afeto coletivo expressado na despedida de Belchior pelo povo cearense. O respeitoso culto duma comunidade a um poeta faz-nos crer ainda nesse sentimento de valores partilhados. Valores do espírito, valores da alma, do telurismo que renova a fé num destino comum, compartilhamento de tradições e crença num destino agregador da sua gente.

Reflito por onde anda nosso saudável orgulho de "santiscidade": cultivo de nossa ancestralidade libertária e vanguarda cultural? A grande fortaleza da sociedade é alicerçada numa narrativa ampliada, um discurso motivador a partir da sua História e Arte.

Nada subverte e move tanto quanto Arte! Poetas são faróis da raça, dizia o mestre Ezra Pound! Quanto estamos impregnados realmente do legado dos Andradas? Nossos escritores seguirão eternamente em estado de estátua, desconhecidos das novas gerações de leitores?

Por quê Educação e Cultura não caminham juntas levando escritores a discorrer sobre suas experiências e as obras de conterrâneos Vicente de Carvalho, Martins Fontes, o teatro de Plínio Marcos e a trajetória de Patrícia Galvão? Seguimos lutando pela reedição de obras desses vultos da criatividade, seguimos lutando pela difusão de nossa história republicana, abolicionista, sindical e democrática.

Aproxima-se bicentenário da Independência e Santos deve preparar sua inserção nessa comemoração afinal fomos dela protagonistas. Uma comunidade que desdenha de seus valores profundos adoece e acaba fenecendo como corpo vivo : se temos uma boa estrutura urbana, merecemos agitar conteúdo , pensamento crítico e vivência intelectual.

O consumismo não gesta, o economicismo é estéril, só arte e reflexão moldam a face profunda duma sociedade. A municipalidade tem dever de promover mais bibliotecas, festivais de musica e cinema, instrução sobre nossa literatura na rede publica e dar oportunidade para o surgimento de novas mentes criativas. "Ao Estado cabe fazer o que é útil, ao artista o que é belo", dizia-nos Oscar Wilde. Grande passo foi dado com decisão da Prefeitura em assumir parte das responsabilidades sobre a Cadeia Velha revitalizando as oficinas culturais sob a égide da Secult. A sociedade artística com apoio decisivo desse jornal estiveram altura dos tempos de Geraldo Ferraz e Pagu!

Mais literatura, muito teatro, sempre cinema, esse caminho é o certeiro para nos dignarmos primeiro mundo!

O futuro agradece quando semeamos de arte o presente.

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