[as imagens nesta postagem são de obras de Damien Hirst]
Por Ademir Demarchi
Este
Planeta é mesmo muito engraçado. Depois de décadas, no século passado,
assistindo as mirabolantes ações de ataques de grupos organizados que se
autobatizavam Frente de Libertação, como foi a de Moçambique, a da Palestina, a
da Argélia e tantas outras criadas com a cara de fome da seriedade para
combater governos ditatoriais, a evolução da espécie levou à criação, ainda na
década de 1970, na Inglaterra, da Frente de Libertação Animal, no que pareceu
ser uma lufada fofa de renovação da militância anarquista que chegou até este
novo milênio.
Em vez de libertarem presos políticos ou populações oprimidas,
esses ativistas preferiram os bichos. Logo colaram neles a pecha de “grupos
ecoterroristas”, dadas suas táticas de invasão de laboratórios, circos,
zoológicos ou festas que envolvam animais. No Brasil já fecharam o Laboratório
Royal que, segundo essa ótica militante, “torturava beagles”. Quem já olhou nos
olhos de um beagle deve bem imaginar que não há NENHUM argumento capaz de
defender o laboratório que, por isso, faliu. A discussão se dá entre o
racionalismo e o irracionalismo, ainda que ambas se mesclem e o fim é sempre
decidido pelas massas que julgam com os sentimentos. Parece eleição.
A questão
é espinhosa, afinal a humanidade avançou muito na área da saúde justamente
usando animais como cobaias. Porém isso está acabando, com a crescente
proibição de uso de animais para qualquer coisa que não seja para ser um pet
fofinho escravizado e preso na fantasia do conforto dentro de um apartamento,
que é o modelo predominante de incorporação dos bichos à sociedade humana. Os
animais passaram a ser considerados membros da família, têm supermercados
próprios, cabeleireiros e médicos exclusivos e há uma leva crescente em todo o
país de proibições de uso de animais em circos, zoológicos, festas. A farra do
boi em Santa Catarina já era, no Nordeste a coisa anda a caminho de sumir e em
breve até Barretos pode ter que parar com aquela lambança de rodeios, cujo fim
fatalmente também chegará às Expoingás, as festas de exposições agropecuárias
que vicejam pelo interior agro rural do país – fora de Barretos, as cidades do
Estado de São Paulo já vêm providenciando leis nesse sentido.
Basta constatar a
vitória peluda desse movimento nesta semana: Alckmin, o fofo da falta dágua, sancionou
uma lei que proíbe a criação e abate ATÉ de coelhos no Estado. Depois de décadas de dominação
sangrenta do sindicalismo do ABC, tudo indica que o Estado se tornará
vegetariano. Restaurantes
franceses que servem acepipes de coelho devem mudar os cardápios facilmente. O mesmo não se pode dizer dos
restaurantes coreanos e chineses que anos atrás substituíram no cardápio pratos
com cães, por roedores e agora sofrerão desabastecimento. A lei do governador
da seca trata das chinchilas, criadas para o mercado de peles, mas lá no meio dela
estão também vários bichos, entre os quais os coelhinhos fofinhos. A saída,
para o criador de chinchilas, foi mudar-se para o Mato Grosso, terra do
agronegócio.
Mas o charme dos ecoterroristas é crescente e tem atraído desde
loiras que acreditam que têm almas gêmeas com poodles até jovens radicais
autodenominados vegans que não comem nada que respire. Associados com
vereadores calvos, que
são uma espécie que não corre perigo de extinção, eles vão aos poucos ampliando
suas garras peludas, de modo que o mundo do travestimento,em vez de pele de
chinchila, terá que ir de plástico da China. Por isso já se sente um nervosismo
no interior texano paulista, onde já há muitos registros de gente reclamando:
"estou na maior seca". Quando faltar carne pro churrasco então...
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