Marcelo Ariel
A palavra "performance" está um pouco contaminada pela banalidade imposta por seu uso constante e no lugar dela prefiro utilizar a palavra "Acto", penso que qualquer gesto realizado por um corpo é uma performance, mas apenas os gestos significativos criados no instante entre o pensamento e o desejo de intervenção são capazes de conter uma camada de metáforas objetivas, estes gestos formam o que chamo de um "Acto". As metáforas objetivas se diferem das metáforas associativas que criam "vasos comunicantes" entre uma coisa e outra, as metáforas objetivas são elas mesmas a coisa e embora se relacionem com aspectos imagéticos de uma simbologia, não estabelecem nenhum grau de relação com aquilo que não está lá, funcionam mais como fotografias de estados sutis do espírito ou da vida interior dos actores.
Denomino "vida interior dos actores" não o que foi pensado previamente, mas o que brota diretamente do inconsciente onírico desprovido de um poder obscuro de esquecimento e aparece nos gestos em camadas duplas de significados, como nos quadros abtstratos, jamais como nos quadros expressionistas.
Um guarda-chuva pegando fogo é apenas um guarda-chuva pegando fogo, mas o gesto de segurá-lo possui mais de uma camada de significados. A imagem em si seria apenas mais uma metáfora associativa, mas o gesto em si é mais do que isso, possui uma objetividade abstrata.
Objetividade abstrata é exatamente o que sinto ser o momento/instante/hoje em que atuamos fora do "Acto", o que nos leva ao paradoxo do viver.
O Acto é então a evocação do paradoxo dentro dele e não fora dele, em uma espécie de distanciamento irônico, típica da nossa época, distanciamento que é ele mesmo, o maior sintoma da nossa morte simbólica e da nossa ilusão de controle e entendimento do paradoxo.
Cena de A face e o fogo, Acto realizado por Marcelo Ariel e Chiu Yin Chih dentro do evento A cidade: A travessa, na Casa das Rosas em Novembro de 2010 (imagem do blog teatrofantasma)
A palavra "performance" está um pouco contaminada pela banalidade imposta por seu uso constante e no lugar dela prefiro utilizar a palavra "Acto", penso que qualquer gesto realizado por um corpo é uma performance, mas apenas os gestos significativos criados no instante entre o pensamento e o desejo de intervenção são capazes de conter uma camada de metáforas objetivas, estes gestos formam o que chamo de um "Acto". As metáforas objetivas se diferem das metáforas associativas que criam "vasos comunicantes" entre uma coisa e outra, as metáforas objetivas são elas mesmas a coisa e embora se relacionem com aspectos imagéticos de uma simbologia, não estabelecem nenhum grau de relação com aquilo que não está lá, funcionam mais como fotografias de estados sutis do espírito ou da vida interior dos actores.
Denomino "vida interior dos actores" não o que foi pensado previamente, mas o que brota diretamente do inconsciente onírico desprovido de um poder obscuro de esquecimento e aparece nos gestos em camadas duplas de significados, como nos quadros abtstratos, jamais como nos quadros expressionistas.
Um guarda-chuva pegando fogo é apenas um guarda-chuva pegando fogo, mas o gesto de segurá-lo possui mais de uma camada de significados. A imagem em si seria apenas mais uma metáfora associativa, mas o gesto em si é mais do que isso, possui uma objetividade abstrata.
Objetividade abstrata é exatamente o que sinto ser o momento/instante/hoje em que atuamos fora do "Acto", o que nos leva ao paradoxo do viver.
O Acto é então a evocação do paradoxo dentro dele e não fora dele, em uma espécie de distanciamento irônico, típica da nossa época, distanciamento que é ele mesmo, o maior sintoma da nossa morte simbólica e da nossa ilusão de controle e entendimento do paradoxo.
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