Alessandro Atanes, para a coluna Porto Literário do PortoGente
O mercado turístico, sabemos todos, cria uma série de nichos e especialidades para que possamos continuar viajando, vendo coisas e gastando dinheiro. Na área de livros, riscado deste colunista, multiplicam-se os guias que nos apontam tantos lugares para visitar para visitar, conhecer ou até mesmo fazer sexo antes de morrer. Apesar de serem bem úteis, a expressão “antes de morrer” empresta a estes guias um imperativo que, no fundo, acaba com toda a graça de ver novos lugares (ou fazer sexo neles), tornando obrigação e desempenho o que sempre foi prazer.
A trabalho em Londres na semana passada pela Secretaria de Comunicação, consegui tempo para procurar discos e livros, entre os quais 101 places not to see befores you die (“101 lugares para não conhecer antes de morrer”), de Catherine Price, viajante e jornalista norte-americana, comprado na seção de viagens da livraria Hatchard da Picadilly Street.
Price diz que está cansada da obrigatoriedade das listas:
Apesar da concentração de lugares nos Estados Unidos e alguma forçação de barra, temos ali uma boa seleção de lugares para não visitar: o Festival dos Testículos, Euro Disney, o Museu Chinês de Água de Barril, uma banheira cheia de cerveja, uma partida de Buzkashi (esporte afegão em que duas equipes de cavalheiros tentam fazer gols com uma carcaça de bode recém retalhado). Temos ainda o terceiro túnel de infiltração da fronteira entre as Coréias do Norte e do Sul (acreditem, há visitas ali), a Grande Mancha de Lixo do Oceano Pacífico (uma ilha de 4 milhões de toneladas de plástico formada por lixo trazido de todo o mundo trazido pelas marés). Leia aqui trechos do livro em inglês.
Nada melhor do que encontrar na capital do humor britânico a ironia da seleção da americana Catherine Price.
Referência
Catherine Price. 101 places no to see before you die. Nova York: Harper, 2010.
O mercado turístico, sabemos todos, cria uma série de nichos e especialidades para que possamos continuar viajando, vendo coisas e gastando dinheiro. Na área de livros, riscado deste colunista, multiplicam-se os guias que nos apontam tantos lugares para visitar para visitar, conhecer ou até mesmo fazer sexo antes de morrer. Apesar de serem bem úteis, a expressão “antes de morrer” empresta a estes guias um imperativo que, no fundo, acaba com toda a graça de ver novos lugares (ou fazer sexo neles), tornando obrigação e desempenho o que sempre foi prazer.
A trabalho em Londres na semana passada pela Secretaria de Comunicação, consegui tempo para procurar discos e livros, entre os quais 101 places not to see befores you die (“101 lugares para não conhecer antes de morrer”), de Catherine Price, viajante e jornalista norte-americana, comprado na seção de viagens da livraria Hatchard da Picadilly Street.
Price diz que está cansada da obrigatoriedade das listas:
Há listas de discos de jazz que eu preciso ouvir, comidas que eu devo provar, pinturas que eu devo ver, caminhadas que sou convocada a fazer – meu próprio pai tem um livro de 1.001 jardins que eu não posso morrer sem visitar. Como eu devo atingir 1.001 enquanto simultaneamente leio 1.001 livros e visito 1.001 lugares históricos – sem mencionar o que fazer com os 500 lugares que eu devo ver antes de desaparecerem? Quando encontrei uma cópia de 101 lugares para fazer sexo antes de morrer, fiquei tentada em deixar os livros de viagem, agarrar uma seleção de 1.001 cervejas que eu tenho que beber e me dirigir a um dos 1.001 pontos por onde posso escapar.
Apesar da concentração de lugares nos Estados Unidos e alguma forçação de barra, temos ali uma boa seleção de lugares para não visitar: o Festival dos Testículos, Euro Disney, o Museu Chinês de Água de Barril, uma banheira cheia de cerveja, uma partida de Buzkashi (esporte afegão em que duas equipes de cavalheiros tentam fazer gols com uma carcaça de bode recém retalhado). Temos ainda o terceiro túnel de infiltração da fronteira entre as Coréias do Norte e do Sul (acreditem, há visitas ali), a Grande Mancha de Lixo do Oceano Pacífico (uma ilha de 4 milhões de toneladas de plástico formada por lixo trazido de todo o mundo trazido pelas marés). Leia aqui trechos do livro em inglês.
Nada melhor do que encontrar na capital do humor britânico a ironia da seleção da americana Catherine Price.
Referência
Catherine Price. 101 places no to see before you die. Nova York: Harper, 2010.
Dizem que na época do The Globe, o camarada no final de semana tinha duas opções: ou assistia a uma peça de Shakespeare ou uma luta de ursos. A luta de ursos ainda está na ativa?
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