quinta-feira, 19 de abril de 2012

Alessandro Atanes*

Queria hoje continuar a escrever sobre o Pirão de sereia, livro que Ademir Demarchi lançou em 7 de abril reunindo 30 anos de produção poética, mas a nova propaganda do itaú na TV foi o cúmulo. Não dá mais para aguentar esses filmes publicitários de banco bonzinho.

O que é isso, essa campanha do jogar bola, com uma trilha musical empolgante, como se a gente precisasse de um banco para isso? Sim, aquele menino da propaganda anterior é uma graça, nos emociona (eu abro um sorriso quando o vejo), mas não devemos esquecer que o banco bonzinho que quer parecer o youtube é só um banco, que nos quer juros.

E o santander, então: juntos, uma ova! Sabe aquela do namoro rompido, um entrou com o pé e o outro com a bunda?, bem, é a mesma coisa, um entra com a conta o outro entra com os juros, juntos assim.

Há pouco tempo o banco do brasil veio com uma campanha do muito obrigado. Ficou pouco tempo no ar, mas estimulava o brasileiro a agradecer. Ah, pára, banco, ensinar a agradecer. Os correntistas já não pagaram o suficiente?

Porém, mesmo quando o assunto é algo realmente bom para o cliente, como a recente redução de juros dos bancos oficiais, aí eles são mais ótimos ainda, verdadeiros heróis tomados pela música épica que acompanha Camila Pitanga anunciando o “corte histórico de juros” da caixa como uma bastilha financeira.

Tudo isso pode ser ranzinza de minha parte, mas prefiro perguntar: que histórias são essas que nos contam os bancos? É óbvio que são contos ideológicos da carochinha, todos sabem que os bancos não são bons. Surge, então, uma pergunta mais terrível: o que é que nos diz a cara de pau desses bancos de nos contar esses contos da carochinha?

P.S.
Mantive o acento diferencial em “para” porque considero que uma palavra desta merece mantê-lo. Ainda é 2012 e ele ainda é permitido, mas creio que o manterei em desobediência civil após o fim da velha ortografia, até porque a nova não tem feito muito sucesso mesmo.

* Alessandro Atanes, jornalista, é mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Servidor público de Cubatão, atua na assessoria de imprensa da prefeitura do município.

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