quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Father and Child, (Kim Roberti) 



Por Jean Pierre Chauvin (Em memória de Pierre Chauvin)


Feito veia exposta,
Artéria deixada solta,
Ou razão submersa

Aquela bica d’água
Mal se escondia
No plano granítico 

Era domingo, pai e filhos:
Dia de esfregar e molhar o carro 
Utilitário para maior coesão
Assim reaprendíamos o orgulho
Dos pequenos feitos coletivos
Embarcávamos no auto, envaidecidos

De volta à casa, um dos três pensava:
Aquele veio subtrairia toda a água do mundo?
Água sem fim, fixaria o meio de que provinha?

Daria a bica conta da sede do universo?
Quantos carros tomariam o posto de assalto?
Curso, recurso, teria aquela água um fim?

Aquela cicatriz movente, metáfora de domingo
Não comportava a ideia de sepulcro;
Mas, incerto dia, a terra virou prédio,

Os três lamentamos a mina extinta,
O fim das alegres jornadas sobre rodas,
(Primeira má ideia de especulação imobiliária)

Aquele rio, sem serventia para usina,
Era máximo, pois que soletrava família
Aquela bica, hoje vejo, é memória de meu pai. 






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