
1- O que a poesia significa para você e qual seria a função social da poesia?
A função social da poesia, se é que ela tem uma, é dividir o belo com os outros, é tentar na medida de nossas limitações estéticas e éticas ajudar as pessoas a aprenderem e apreenderem o belo. (Olhe bem, o belo na arte é uma condição narcísica muito longe desta pasteurização a que nos impõe os meios de comunicação de massa das grandes corporações.) O poeta tem o destino dos heróis trágicos, deve se imolar pela comunidade que o cerca, mas passa pelo inconveniente de passar em branco, quase por uma invisibilidade. Temos a sina de Cassandra, a irmã de Paris de Tróia, predizemos o futuro e as coisas, mas ninguém acreditará nelas.
2- Fale um pouco sobre a sua trajetória e sobre a gênese dos seus poemas?
Escrevo desde muito jovem, sou muito prolixo, mas considero que comecei a “pegar” esta questão de ter um compromisso e seriedade com a poesia meio tardiamente. Foi a partir de uma oficina em minha cidade, Mauá-SP, a Oficina Aberta da Palavra, que me deparei com a necessidade de dar um tratamento estético ao que produzia. Depois em uma oficina com o poeta Cláudio Willer, na Casa da Palavra, em Santo André, cidade vizinha à minha, foi que tive contato com alguma teoria à respeito do assunto. A produção do poema vai ser sempre uma luta entre o sentido e a forma. Dar significado e ao mesmo tempo não perder de vista que a arte deve buscar o novo.Daí para frente foi surgindo um necessidade incontrolável de ser lido. De ter pelo menos leitores críticos. Comecei a disseminar minha produção aos quatro cantos do planeta, utilizei e utilizo muito da Internet como meio de divulgação, participo de saraus e de todo o tipo de atividade que envolva literatura e possa conhecer pessoas que também façam poesia e gostem de poesia. Participei também de alguns concursos literários e obtive algumas premiações. Acima de tudo tenho conhecido pessoas, que como eu não se satisfazem com um pouco de ração, um canto para dormir e outros confortos domésticos. Pessoas que lidam com a poesia em geral são meio selvagens, com pouca afinidade para com a domesticação. Por isso são pessoas perigosas para a sociedade.
Tenho o hábito de carregar um pequeno caderno, uma vez que minha memória não é muito boa, e neste anotar insights e versos que me vem a cabeça, sou também um voyeur incorrigível e fico perscrutando as pessoas e suas falas. Existe um momento que este material todo anotado começa a me incomodar, dai sento diante do computador e passo a limpo tudo isso. Nestes momentos nascem os poemas, alguns vêm prontos, outros demoram mais, outros nunca se materializam. E claro leio muito, e de tudo, gosto muito de cultura pop, HQs, animes, filosofia, poetas malditos, blogs da garotada que está na luta agora, muita poesia. Irrita-me quando pego pela frente um cidadão que diz que não lê outros poetas para não “influenciar” sua obra, toda a literatura é intertextual em sua natureza, assim como a arte. Estamos sempre reescrevendo a poesia. Temos um dívida com todos que escreveram antes de nós, e os reescrevemos em nossa escrita. Ter um estilo “próprio” deve significar se não o domínio, a tentativa de dominar aquilo que nos precedeu. Dentro da contemporaneidade não existe espaço para divas e “prima-donas”.
Tenho o hábito de carregar um pequeno caderno, uma vez que minha memória não é muito boa, e neste anotar insights e versos que me vem a cabeça, sou também um voyeur incorrigível e fico perscrutando as pessoas e suas falas. Existe um momento que este material todo anotado começa a me incomodar, dai sento diante do computador e passo a limpo tudo isso. Nestes momentos nascem os poemas, alguns vêm prontos, outros demoram mais, outros nunca se materializam. E claro leio muito, e de tudo, gosto muito de cultura pop, HQs, animes, filosofia, poetas malditos, blogs da garotada que está na luta agora, muita poesia. Irrita-me quando pego pela frente um cidadão que diz que não lê outros poetas para não “influenciar” sua obra, toda a literatura é intertextual em sua natureza, assim como a arte. Estamos sempre reescrevendo a poesia. Temos um dívida com todos que escreveram antes de nós, e os reescrevemos em nossa escrita. Ter um estilo “próprio” deve significar se não o domínio, a tentativa de dominar aquilo que nos precedeu. Dentro da contemporaneidade não existe espaço para divas e “prima-donas”.
3- Na sua opinião, qual é o atual panorama da literatura no Brasil e no mundo, como você vê a situação do livro e do escritor e em especial a do livro de poesia?
Possuo uma angústia muito grande ao reconhecer que não serei capaz de ler e conhecer tudo o que preciso e quero. A cada dia que passa descubro algo ou alguém novo que me passou despercebido ou que não está exposto o suficiente para que o leiamos. Tenho a limitação da língua, por razões misteriosas não consigo ir além do português, embora adore leituras que permitam o contato da obra original junto com a tradução, pois muito da poesia está no som.Não tenho uma leitura muito crítica em relação a um panorama da literatura, no Brasil ou no mundo, mas vivemos em uma situação de efemeridade da existência humana, ou tentam nos passar esta visão. A literatura não tem nada a haver com isso, a arte como um todo é nossa tentativa de vencer o tempo e a mortalidade. Vivemos em um período em que a informação é controlada pelos meios de comunicação de massa e por conseqüência muito rasa, não há uma tentativa de se aprofundar os conteúdos. Mas se pensarmos bem, em que período da história isto não ocorreu de uma certa forma? A Igreja do passado e seu “índice proibido” já era uma forma de manter o conhecimento sob controle.
O formato livro é uma coisa muito recente historicamente, a imprensa de tipos móveis foi uma revolução muito maior que a que temos hoje com a Internet, possuir muitos livros, ou ter a possibilidade de lê-los, é uma forma de hiper-conectividade além das fronteiras psicológicas da mente. É essencial que continuemos a produzir livros, eles tem o dom de atravessar fronteiras, de passar de mão em mão, de chegar a lugares que nem podemos imaginar. Livros de poesia são pequenas possibilidades de revolução, quando o mundo diz pare, a poesia fala corra, quando o mundo diz corra, a poesia pára. Agora se alguém pretende ganhar dinheiro com livros de poesia, é uma outra história mais complicada.
O formato livro é uma coisa muito recente historicamente, a imprensa de tipos móveis foi uma revolução muito maior que a que temos hoje com a Internet, possuir muitos livros, ou ter a possibilidade de lê-los, é uma forma de hiper-conectividade além das fronteiras psicológicas da mente. É essencial que continuemos a produzir livros, eles tem o dom de atravessar fronteiras, de passar de mão em mão, de chegar a lugares que nem podemos imaginar. Livros de poesia são pequenas possibilidades de revolução, quando o mundo diz pare, a poesia fala corra, quando o mundo diz corra, a poesia pára. Agora se alguém pretende ganhar dinheiro com livros de poesia, é uma outra história mais complicada.
4- O que é a vida para você?
A vida para mim é um grande incômodo. Existir carece de sentido, e sou racional demais, então ao tentar racionalizar algo que não faz o maior sentido, me angustio muito. Não trago em mim nenhuma esperança, mas ao mesmo tempo, como já disse ao poeta Zhô Bertolini, a poesia me denuncia. A poesia pode ser o apocalipse e o cataclismo, mas também a hecatombe, não é salvacionista, mas poderá nos salvar de nós mesmos. 5- E a Alma?
6- Cite alguns autores que foram e são importantes para você e por que?


Feliz em estar aqui, sinto-me mais próximo ao Mar, vocês são privilegiados, a ponta de meu planalto só vislumbro distâncias.
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