Flávio Viegas Amoreira, a partir de texto lido no Sarau Santista, na Pinacoteca, em 26 de janeiro, aniversário de Santos
Meu cérebro poeta como quem vê o mundo noutra atmosfera
O pensamento poeta
O corpo poeta como galgo farejando infinito
Meu coração ancora sobre navios na barra
Plúmbeos alísios nítidos
Mar de açucenas
Sonhos verídicos refletidos no espelho d'água
Esponjóide carga levo na lembrança um turbilhão de sargaços
Quando volto-me a ele digo: só tu Oceano passageiro soa verdadeiro
Eu com fardos de naus de chumbo
Elevo inspirando a madrugada que fala dessa realidade navegante todos encantos
Esse Mar preciso
Mar de Santos
Encorpa
Torce sacralizando
Versa angústia
Achando o cósmico sonido em cada concha
Rosas maleáveis das esferas
Solo lunático por sobre as vagas
Rompe o lume sedoso das estrelas
Trazendo o céu entrecortado dos primeiros cascos sombreados de alvorada
Galeões vapores galeras
Percorrendo rotas de sentidos retalhados
Canais funestos
Veios sombreados do tempo que já não agora
Aquilo que chamam como última onda:
Passado: pra mim apenas o já não agora que levo comigo como o peso dum anjo
Diáfano e profundo anjo das despedidas que ainda assim esboçam no rastro
O lastro agora presente que relampeja trovoa
No cais mais um rompante desatracando ao futuro
Esse não chegado impreciso
Futuro, outro nome que damos ao longínquo horizonte
Que foge assim que alçamos mar aberto onde perde-se a noção disso que miramos ilusório: horizonte...
Só vejo o porto com suas escamas pegajosas de história
Estuário emasculando interfaces glúteas da terceira margem do leito
Onde os homens sabem viver sempre incompleta , incompletamente
Imantando pássaros avarentos
Falcões sobranceiros
Anatomia hidrográfica que perpassam nossas veias
Santistas: salitre, suor e maresia...
Que podeis mais querer
Que a harmonia cotidiana desse molde de praias
Quilhas umidas ao sabor das ventanias
O universo a estibordo dessa nossa nobre ilha
Reiventemos nossos destinos ao sabor da tábua de mares como horóscopo náutico rendilhando as galáxias em nossa barra onde rondam zodíacos de estranhos planetas
Sigamos nossas linhas íntimas de tordesilhas com seus parâmetros sem bóias fixas
Lancemos garrafas a náufragos imaginários, pois são estes os mais certeiros guias...
Converso com o Mar fosse ele planta sempre-viva, rendilhado mágico de oráculos e cândida orgia: larguei-me de mim quando ao Mar prometi amor sincero:
Larguei-me ao seu jogo de incertezas como os velozes batalhões de Tebas
Nada me socorre mais que a unidade frágil dum poema:
Feliz de quem de Mar se alumia
Feliz aquele do Oceano imenso encontrou em Santos abrigo e diante a barra põem nos olhos infinda moradia...
Meu cérebro poeta como quem vê o mundo noutra atmosfera
O pensamento poeta
O corpo poeta como galgo farejando infinito
Meu coração ancora sobre navios na barra
Plúmbeos alísios nítidos
Mar de açucenas
Sonhos verídicos refletidos no espelho d'água
Esponjóide carga levo na lembrança um turbilhão de sargaços
Quando volto-me a ele digo: só tu Oceano passageiro soa verdadeiro
Eu com fardos de naus de chumbo
Elevo inspirando a madrugada que fala dessa realidade navegante todos encantos
Esse Mar preciso
Mar de Santos
Encorpa
Torce sacralizando
Versa angústia
Achando o cósmico sonido em cada concha
Rosas maleáveis das esferas
Solo lunático por sobre as vagas
Rompe o lume sedoso das estrelas
Trazendo o céu entrecortado dos primeiros cascos sombreados de alvorada
Galeões vapores galeras
Percorrendo rotas de sentidos retalhados
Canais funestos
Veios sombreados do tempo que já não agora
Aquilo que chamam como última onda:
Passado: pra mim apenas o já não agora que levo comigo como o peso dum anjo
Diáfano e profundo anjo das despedidas que ainda assim esboçam no rastro
O lastro agora presente que relampeja trovoa
No cais mais um rompante desatracando ao futuro
Esse não chegado impreciso
Futuro, outro nome que damos ao longínquo horizonte
Que foge assim que alçamos mar aberto onde perde-se a noção disso que miramos ilusório: horizonte...
Só vejo o porto com suas escamas pegajosas de história
Estuário emasculando interfaces glúteas da terceira margem do leito
Onde os homens sabem viver sempre incompleta , incompletamente
Imantando pássaros avarentos
Falcões sobranceiros
Anatomia hidrográfica que perpassam nossas veias
Santistas: salitre, suor e maresia...
Que podeis mais querer
Que a harmonia cotidiana desse molde de praias
Quilhas umidas ao sabor das ventanias
O universo a estibordo dessa nossa nobre ilha
Reiventemos nossos destinos ao sabor da tábua de mares como horóscopo náutico rendilhando as galáxias em nossa barra onde rondam zodíacos de estranhos planetas
Sigamos nossas linhas íntimas de tordesilhas com seus parâmetros sem bóias fixas
Lancemos garrafas a náufragos imaginários, pois são estes os mais certeiros guias...
Converso com o Mar fosse ele planta sempre-viva, rendilhado mágico de oráculos e cândida orgia: larguei-me de mim quando ao Mar prometi amor sincero:
Larguei-me ao seu jogo de incertezas como os velozes batalhões de Tebas
Nada me socorre mais que a unidade frágil dum poema:
Feliz de quem de Mar se alumia
Feliz aquele do Oceano imenso encontrou em Santos abrigo e diante a barra põem nos olhos infinda moradia...
“Por que
ResponderExcluireste amor ao cais
se o que espero
não viaja?
Por que esta espera
no cais?
Por que
este amor aos navios
que apitam e partem
se não quero
partir em nenhum?
Eu descendente de adeuses
vejo lenços que acenam
na paisagem sem lenços.
Ou este porto
pouso de âncoras
timidamente se disfarça
no homem que sou?”
("Porto", Roldão Mendes Rosa