Por Ademir
Demarchi
Rodrigo Savazoni
está com as mãos peludas ultimamente pois, depois de dois ótimos livros de
ensaios sobre as novas formas de existência da cultura contemporânea, em que
lhe cresceram pelos na língua, decidiu variar e enveredou pela masturbação poética.
Que me releve o leitor, mas nesse tema é impossível não usar retórica, digamos,
nababesca, que escorrega nos lugares comuns sonhando com fissuras por onde entre o
verso, se é que me faço entender. O resultado está no livro de poemas a uma
mão (Azougue, 2015), ilustrado por Rafael Campos Rocha, em que Rodrigo
faz homenagens a alguns autores hábeis no halterofilismo masturbatório, como
Drummond, Sebastião Nunes, Affonso Ávila e outros. O livro tem um formato que,
associado aos desenhos de Rafael, remete (!) aos clássicos catecismos do Zéfiro, ele mesmo citado num dos poemas. O senso de
humor, como não poderia deixar de ser, define
o ritmo para o gozo. A seguir, três masturbações:
PROFESSOR
Foi-se o tempo
da bananeira,
da cabrinha,
da galinha.
Que saudade
da minha vizinha!
Aquela gordinha
gostosa
segurava
com jeito.
Só não
sabia
fazer
boquete:
eu que ensinei.
QUASE HAICAI
O site privê
mostra os peitos
das estrelas na
tevê.
GERAÇÕES
Vovô
escondia
o Zéfiro.
Titio
A Playboy
da Maitê.
Meu irmão
assistia
Sexta Quente
na Band TV.
Meu sobrinho
se tranca
com o PC.
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