Pintura de Marta Penter |
Aqui faz muito calor em janeiro
Você abre a nécessaire
então eu não vou resistir
às coxas a óleo e aos olhos de paixão
o que é fake no calçadão
o carro que vem devagar
a brisa a conta a pagar
o ruído na comunicação
entre um babaca e a vida
não conta seu olhar
e minha mudez solícita
não conta seu olhar de quem
estudou
como eu vivo de brisa
Botão de pânico
Nos dias em que os olhos estão atrás de mim
Há um medo de cabeça quente
O bafo de uma verdade qualquer
Sussurrada até a morte farta
Uma demência de feminino
Um requebro irrisório da fala
Uma muleta de cabelo em coque
O disfarce por charme da devassidão
A exposição da ossada a céu aberto
As asas esmiuçadas no concreto
Golpe de pau de arara e toda ira
Do que sou reificada
Retrato de shortinho curto
É aqui, abaixo da costela,
o silêncio
o oco do verbo
feito carne
exposto às moscas
no varal do tempo
e os turistas que passam
viram a cara
por puro nojo para mais uma mulher
agonizando ao sol
de uma cidade qualquer aqui
Sobra a autora
Fabíola Mazzini Leone, 52, servidora pública na ilha de Vitória, essa cidade que agoniza em brisa e maresia
Lindos e contundentes poemas. Parabéns, Fabiola!!! Bjs
ResponderExcluirObrigada pela leitura, Magda Carvalho. Abraço!
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