quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Marcelo Ariel


Gemma Jones e Naomi Watts no filme de Woody Allen

Woody Allen persegue Bergman dentro de Pirandello & Wilde e erra o alvo, a ironia pirandelliana escapa de seu léxico novaiorquino transferido para Londres, Allen ergue um enorme espelho onde podemos ver sua própria obra refletida nela mesma, ele é um diretor viciado em um tipo de autoreferência semi desencantada, é justamente esse desencanto pero no mucho mergulhado sem muita ênfase na atmosfera ironista de Wilde dentro da dimensão tragicômica de Pirandello que compromete o roteiro do filme, Allen não dá conta de juntar todos os fios da trama em sua pretensão de parafrasear o Bergman em Neil Simon. Saímos do cinema com a sensação de que a incompletude do filme não toca na incompletude da vida, e nem deveria é apenas um filme, dirão os declarados fãs de Woody Allen, para quem ele parece filmar, os fãs dele devem estar também viciados nesta sua atual autoreferência semi desencantada e talvez a confundam seu antigo humor fino e elegante, mas não se deve confundir Woody Allen com Woody Allen, nem Woody Allen com Cioran.


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