quinta-feira, 7 de abril de 2011

Uma carta de Junior Brassaloti, diretor de produção do Curta Santos, ator, produtor cultural, artista circense

Hoje no Sesc Santos, dia 6/4, tive grata surpresa com o filme de abertura do festival Melhores Filmes do Sesc, Riscado, de Gustavo Pizzi, um filme que toca atores e artistas do teatro em especial, mas qualquer pessoa do meio artístico pela sensibilidade e humor meio amargo com que nos leva pela trajetória da protagonista, uma atriz que vive de fazer "djubis" (festinhas, panfletagens, etc) enquanto está numa montagem densa (e sem público) de Senhorita Julia de Strindberg, e recebe um convite para um longa metragem. Bela reviravolta final...

Por que escrevo aqui? o filme é todo feito na guerrilha, sem grandes orçamentos, com elenco competente, profissional e em ótimas performances, sem leis de incentivo e afins... e temos um belo resultado de cinema independente nacional. Conheci o produtor em outra ocasião e os filmes dele são feitos com verba advinda da locadora dele no Rio... com coragem e vontade e se expressar.

Nítido o amor da equipe e elenco pela história, sem glamour, sem muitos recursos, mas apaixonante! E de uma forma ou outra, se inseriu no circuito exibidor.

Nesse momento de sensação de coletivo, de união fazendo a força e diferença, senti a falta lá de mais gente da classe artística (90% eram realizadores, estudantes de cinema, alguns atores e integrantes do movimento e interessados em geral), pois logo mais teremos dias de Festa, o tradicional Festival Santista de Teatro Amador, esse ano organizado pelo movimento de teatro, a peça O que terá acontecido a Rosemary? inaugurando e remando contra a maré e permanecendo em cartaz na cidade em um novo espaço ali no Centro, o Teatro Aberto, o 9º Sarau Caiçara, os bate papos na Pinacoteca, Bienal de Dança, Curta Santos, etc...

Façamos desses momentos e outros porvir espaços de encontro e troca entre nós, para conversarmos, discordarmos, sobre as obras apresentadas e sobre nossa função como artistas necessários (ou não) pra cidade e na arte em si.

Sinto que precisamos convergir as artes de Santos, ou as idéia/ideial de um "coletivo" fica vaga/vazia...

Maurice Legeard nos alertava sobre nossos guetos (os de teatro não interagem com os de cinema que não falam com músicos que não sabem quem está poetanto... assim por diante).

Nos vejamos mais, falemos mais, frequentemo-nos mais, vamos interagir, tudo soma repertório no final.  Sinto ser o caminho...

Como produtor (tanto de obras como de eventos) penso que esse diálogo mais amplo nos oxigena, desafia.

O que nos falta? Divulgação? Bons produtos? Interesse? Apoio? O que dizer/expressar?

Como diagnosticar o presente?

Não sei...

juntos, quem sabe, chegamos a uma... hipótese.

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