sexta-feira, 29 de abril de 2011

Por nove dias, o Festival Santista de Teatro cumpriu sua intenção de agitar a cena cultural de Santos e região; abaixo, comunicado enviado pela organização do festival.

Cena de Olhos de fazer morder, espetáculo apresentado pelo TEP-Unisanta durante o Festa 53

Entre os dias 15 e 23 de abril, o 53º FESTA - Festival Santista de Teatro movimentou mais de quatro mil espectadores e centenas de artistas de todo o Brasil. Com mais de 50 atrações, o principal evento teatral da Baixada Santista apresentou o melhor do teatro no cenário regional e nacional, no preço escolhido pelo próprio espectador, entre R$ 2 e R$ 8, na promoção batizada de “Pague Quanto Puder”.

Além de constar na história como o festival de teatro mais antigo em atividade no País, o FESTA 53 também marca corações. Foi na Mostra de Rua que, aos seis anos, Giovanna Gomes Barros se encantou ao assistir pela primeira vez a uma peça teatral. “Tenho certeza que o teatro é uma ótima forma de educar”, diz a mãe, Maria Tereza Gomes.

O respeito ao público do FESTA 53, seu “Respeitável Público” foi a partir da qualidade dos espetáculos selecionados. “Vim assistir todos os dias às peças da Mostra Adulta”, anima-se a estudante Luma Eckert, de 15 anos. Por meio de parceria entre o festival e escolas, alunos se deslumbravam ao acompanhar as peças da Mostra Infantil. “Eles não sabiam se aplaudiam, sorriam ou choravam de emoção ao ver o fim da peça”, brinca o ator Caio Marques.

Logo após cada apresentação, havia debate sobre o espetáculo, aberto a todo o público. “Aqui a gente também aprende com a linguagem diferenciada de cada peça”, afirma Aline Negra Silva, atriz e estudante de Rio Claro (SP).

As peças das mostras Infantil e de Rua foram reapresentadas gratuitamente em outras sete cidades da Baixada Santista. O diretor teatral Lourimar Vieira, do Teatro do Kaos, de Cubatão, revelou que estava ansioso para levar os participantes do Projeto Superação às atividades do festival.

O festival também chamou a atenção dos estudantes de jornalismo Mariane Rodrigues e Rodney Cardoso, da Universidade Santa Cecília, de Santos. A dupla está fazendo como TCC um livro fotográfico sobre o FESTA, contando um pouco da história e da importância do festival, e trazendo um ensaio de fotos desta edição. Os dois procuraram acompanhar o máximo de atrações, para registrarem os melhores momentos. “Neste ano o FESTA veio com uma nova proposta, trouxe muita gente de fora, além da presença do pessoal de casa, o que foi muito importante. Houve uns diferenciais que devem permanecer. Eu curti muito”, diz Rodney.

Alunos da Escola de Artes Dramáticas “Wilson Geraldo”, da Secretaria de Cultura de Santos, e do Senac também fizeram questão de acompanhar as apresentações desta edição do festival. E vários artistas da região se reuniram para celebrar o FESTA 53. “Não vejo esse grande encontro de artistas em festivais da minha cidade”, disse a atriz carioca Ana Karenina Riehl.

Novidades
Foi por meio do “Intercâmbio Cultural” que Ana Karenina veio participar de toda a programação do festival. Uma das grandes novidades dessa edição, o programa ofereceu bolsas de viagens a 25 estudantes ou atores de teatro de todo o País, concedendo hospedagem, alimentação e viagem de São Paulo a Santos.

Outra novidade do FESTA 53 foi o Quintal da Pagu, localizado na Praça dos Andradas. As noites temáticas contaram com as mais variadas atrações, como lançamento do CD de Danilo Nunes & Carrossel de Baco, o lançamento do livro Atro Coração, de Márcio Barreto (que também se apresentou com seu grupo musical Percutindo Mundos), a exibição de curtas-metragens e videoclipes do Curta Santos - Festival Santista de Curtas Metragens, apresentações de dança do Instituto Arte no Dique, entre outras. A ocupação da Praça dos Andradas durante esses nove dias de festival marcou uma espécie de revitalização cultural da praça, que apesar de ser o endereço de três importantes espaços de arte (Oficina Cultural Pagu, Teatro Guarany e, mais recentemente, Teatro Aberto), não é um local diretamente relacionado à cultura.

Ainda no Quintal da Pagu, e nos teatros Guarany e Municipal, o festival contou com a exposição de galerias com obras de artistas da região, em pintura, escultura, fotografia e outros tipos de arte. Até os alunos do Colégio Leão XIII fizeram intervenções urbanas ao decorrer do festival. Entre tantas exposições, destacou-se a intervenção feita na banca de jornal da Praça dos Andradas. A artista Aline Benedito, a Fixxa, diz que, em sonho, se inspirou em estampar na banca o rosto de Toninho Dantas. Junto a réplicas do mascote do festival, pintadas em conjunto com o marido, o também artista Colante, Fixxa deu outra cara à banca e à praça.

Festinha
Aliás, foi nessa edição que surgiu o mascote do FESTA, o grande anfitrião do festival. Chamado de “João Festinha”, o personagem ganhou o nome por um concurso aberto ao público, e ganhou vida por meio do ator convidado, Zecarlos Gomes. “O nome foi em homenagem ao primeiro ator brasileiro, João Caetano dos Santos”, explica o batizado” do mascote, Alex Gomes, da Cia Teatral Bocarela das Palavradas. Ele aproveitou e elogiou a oficina de “Práticas de Cena”’, realizado pela Cia. Lume. Oficinas de produção cultural, teatro-dança, teatro musical também fizeram parte do FESTA 53.

Durante a programação, o Sesc Santos foi o espaço escolhido para as mesas redondas, que contaram com representantes do Mirada - Festival Iberoamericano de Artes Cênicas de Santos, Festival do Recife, Festival de Curitiba, o ex-diretor de artes cênicas da Funarte, Marcelo Bones, e a pesquisadora teatral Neyde Veneziano. Também abrilhantaram o festival debatedores como Marcelo Romagnoli, Darci Figueiredo e Imara Reis, artistas de teatro com vasta experiência na área.

Nestes nove dias de festival, a opinião geral é que o FESTA 53 foi o melhor dos últimos tempos. “Sabemos que temos muito a melhorar, mas o retorno do público nos mostrou que estamos no caminho certo para que as próximas edições do FESTA sejam ainda mais interessantes do que esta”, diz o diretor geral do festival, Leandro Taveira.

Realizado pela Comissão FESTA, o FESTA 53 teve patrocínio do Governo do Estado de São Paulo - Secretaria de Cultura, por meio do Programa de Ação Cultural (ProAC), e parceria com Prefeitura de Santos, Sesc-Santos e Associação dos Artistas.

Histórico
Organizado pelo movimento teatral da região, o FESTA foi criado em 1958, por Patrícia Galvão, a Pagu, com apoio do teatrólogo Paschoal Carlos Magno. O espírito vanguardista da escritora e a efervescência cultural da cidade de Santos, na época, fizeram do festival um marco para a definição de novas estéticas para o teatro brasileiro, sendo berço de novos grupos e artistas. Passaram pelos palcos do FESTA nomes importantes das artes cênicas, como os irmãos Cláudio e Sérgio Mamberti, Plínio Marcos, Greghi Filho, Jandira Martini, Tanah Corrêa, Aracy Balabanian, Ney Latorraca, Bete Mendes, Neyde Veneziano, Carlos Soffredini e Toninho Dantas. Também faz parte da história do festival o fundador do Teatro Oficina, Zé Celso Martinez Corrêa, premiado em 1959 pela peça A Incubadeira.

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