Alessandro Atanes
Fotos, José Mário Alves
Cobri pela assessoria de imprensa da Prefeitura de Cubatão o lançamento de Conversas com Emily Dickinson e outros poemas, de Marcelo Ariel, colega deste blog. E escrevi o seguinte texto:
O escritor cubatense Marcelo Ariel lançou seu quarto livro, Conversas com Emily Dickinson e outros poemas, obra que dá continuidade a uma escrita cheia de imagens, revelações, sonhos e a presença de outros poetas. O livro foi lançado na última terça-feira (18) em São Paulo, pela coleação Orpheu, da editora Multifoco. O livro pode ser encomendado na própria editora pelo telefone (21) 2222-3034 ou pelo endereço eletrônico contato@editoramultifoco.com.br.
Os poemas de Conversas com Emily Dickinson... mostram uma depuração da arte de Ariel. Eles são mais homogêneos em tamanho e temática, garantindo ao livro uma unidade que suas obras anteriores não haviam atingido. Ao mesmo tempo, o livro se abre para parcerias, como os textos escritos com as poetas Beatriz Bajo e Mariana Ianelli, e até a presença de um pseudônimo, Francisco Solar. A série Conversando com Emyly Dickinson, cuja parte final segue abaixo, é bem característica do momento atual do escritor:
Formação
Nome que vem recebendo destaque na poesia contemporânea nacional, Ariel costuma contar que boa parte de sua formação como leitor e autor foi feita pelos corredores e estantes da Biblioteca Municipal de Cubatão, onde escolhia livros para ler para o irmão. Essa fase definidora de sua poética está descrita em a-monólogo, um dos poucos textos em prosa do livro:
Desse universo, nasceu uma literatura marcada pela erudição e pela constante citação de outros poetas e artistas, como no próprio título de sua nova obra. Ao mesmo tempo sua poética não se afasta das questões ambientais e sociais do município, mas, ao invés de recorrer a uma já desgastada "literatura de denúncia social", o autor prefere utilizar esses elementos em uma linguagem simbólica, muitas vezes localizando seus personagens, geralmente outros escritores e artistas, em sonhos, como na prosa poética Sonho:
Impressões
Além de parceira em alguns textos, Beatriz Bajo também revisou o livro para a coleção, o que a fez ter um contato estreito com os poemas de Ariel nos últimos meses. Para ela, a obra do autor cubatense apresenta uma unidade desde o primeiro livro, como se forse um manancial do qual ele vai tirando poemas: "Não vejo Ariel em partes. Ele não faz um livro, outro livro. A obra dele é uma coisa só, de onde vai piçando seus poemas". Ela compara a obra de Ariel com aqueles bonecas russas que vão se encaixando umas dentro das outras.
Beatriz Bajo lê Marcelo Ariel
Mariana Ianelli, poeta que chega ao sexto livro, a ser lançado em junho, destaca a singularidade de Marcelo Ariel no cenário da literatura contemporânea brasileira. "A parte sobre Emily Dickinson me surpreendeu pela delicadeza, é de um lirismo que falta hoje. É um escândalo que isso tenha sido exilado da literatura".
O autor
Nascido em Santos (SP) em 1968 e criado em Cubatão, Marcelo Ariel estreou na poesia com o livro Me enterrem com a minha Ar-15 (Dulcinéia Catadora, edição artesanal, 2007); depois lançou os livros Tratado dos Anjos Afogados (Letraselvagem, 2008) e O céu no fundo do mar (Dulcinéia Catadora, edição artesanal, 2009). Poeta e dramartugo, Marcelo Ariel tem recebido críticas em jornais como a Folha de S. Paulo e publicado poemas em revistas literária como a Cult.
Marcelo Ariel pode ser acompanhado em seu blog Cancelando o Teatro Fantasma; Beatriz Bajo mantém o blog Linda Graal e a obra de Mariana Ianelli pode ser conhecida em seu site oficial.
Pós escrito
Mariana Ianella destaca o lirismo da nova obra
Conversando com Mariana Ianelli no lançamento do livro lá no Bar Exquisito, constatamos como a poesia de Marcelo Ariel em seu novo livro ficou mais suave, com um traço mais forte de lirismo e delicadeza. A poesia de Ariel, constata a poeta, parte do comum e atinge a ordem mística, em um movimento que contempla também o silêncio.
Após uma segunda leitura de Conversas com Emily Dickinson... notei também uma presença maior de rimas, o que contribui para o caminho mais lírico tomado pelo poeta como sugere Ianelli. É o caso do seguinte trecho de Conversando com Emily Dickinson, que abre o livro:
A imagem talvez seja um tanto brega, mas esse novo livro de Ariel me fez ter uma nova sensação em relação à sua escrita. Ela é como uma chuva que cai sobre nós mas não nos machuca, nos refresca e alivia, nos dá vida e esperança, como em um dos versos de twitter blues: "Nenhuma lógica pode explicar o eterno retorno do fantasma das manhãs".
Fotos, José Mário Alves
Cobri pela assessoria de imprensa da Prefeitura de Cubatão o lançamento de Conversas com Emily Dickinson e outros poemas, de Marcelo Ariel, colega deste blog. E escrevi o seguinte texto:
O escritor cubatense Marcelo Ariel lançou seu quarto livro, Conversas com Emily Dickinson e outros poemas, obra que dá continuidade a uma escrita cheia de imagens, revelações, sonhos e a presença de outros poetas. O livro foi lançado na última terça-feira (18) em São Paulo, pela coleação Orpheu, da editora Multifoco. O livro pode ser encomendado na própria editora pelo telefone (21) 2222-3034 ou pelo endereço eletrônico contato@editoramultifoco.com.br.
Os poemas de Conversas com Emily Dickinson... mostram uma depuração da arte de Ariel. Eles são mais homogêneos em tamanho e temática, garantindo ao livro uma unidade que suas obras anteriores não haviam atingido. Ao mesmo tempo, o livro se abre para parcerias, como os textos escritos com as poetas Beatriz Bajo e Mariana Ianelli, e até a presença de um pseudônimo, Francisco Solar. A série Conversando com Emyly Dickinson, cuja parte final segue abaixo, é bem característica do momento atual do escritor:
Mãos de ninguém
Professam uma delicadeza
Suprema,
não existir
é para
o intocado
como lágrimas
que jorram em sonhos
esquecidos
podem sorrir
Formação
Nome que vem recebendo destaque na poesia contemporânea nacional, Ariel costuma contar que boa parte de sua formação como leitor e autor foi feita pelos corredores e estantes da Biblioteca Municipal de Cubatão, onde escolhia livros para ler para o irmão. Essa fase definidora de sua poética está descrita em a-monólogo, um dos poucos textos em prosa do livro:
Aprendi a ler e escrever aos 5 anos com a Dona Marlene, minha vizinha e meu irmão Orlando classificado como esquizofrênico, que me levou a uma biblioteca quando eu tinha 8 anos. Devo a eles o que pode ser chamada de uma formação ou a formação em mim de um receptor para a lógica poética e a compreensão profunda de que ela está em oposição ao Logus industrial.
Desse universo, nasceu uma literatura marcada pela erudição e pela constante citação de outros poetas e artistas, como no próprio título de sua nova obra. Ao mesmo tempo sua poética não se afasta das questões ambientais e sociais do município, mas, ao invés de recorrer a uma já desgastada "literatura de denúncia social", o autor prefere utilizar esses elementos em uma linguagem simbólica, muitas vezes localizando seus personagens, geralmente outros escritores e artistas, em sonhos, como na prosa poética Sonho:
Thomas Bernhardt está sentado na cama ouvindo Brahms, Brahms atravessa a árvore e todas as possibilidades tentam um símile do Real como no Poema sobre Dante de Hans Magnus Ezsenberger onde Thomas Benhardt é ao mesmo tempo Dante e a árvore transformada em Brahms saindo dos dedos de Nélson Freire e preenchendo o quarto até que Marcelo Ariel desperte no mesmo não-lugar atemporal dos Nomes-Nume lendo a árvore.
Impressões
Além de parceira em alguns textos, Beatriz Bajo também revisou o livro para a coleção, o que a fez ter um contato estreito com os poemas de Ariel nos últimos meses. Para ela, a obra do autor cubatense apresenta uma unidade desde o primeiro livro, como se forse um manancial do qual ele vai tirando poemas: "Não vejo Ariel em partes. Ele não faz um livro, outro livro. A obra dele é uma coisa só, de onde vai piçando seus poemas". Ela compara a obra de Ariel com aqueles bonecas russas que vão se encaixando umas dentro das outras.
Beatriz Bajo lê Marcelo Ariel
Mariana Ianelli, poeta que chega ao sexto livro, a ser lançado em junho, destaca a singularidade de Marcelo Ariel no cenário da literatura contemporânea brasileira. "A parte sobre Emily Dickinson me surpreendeu pela delicadeza, é de um lirismo que falta hoje. É um escândalo que isso tenha sido exilado da literatura".
O autor
Nascido em Santos (SP) em 1968 e criado em Cubatão, Marcelo Ariel estreou na poesia com o livro Me enterrem com a minha Ar-15 (Dulcinéia Catadora, edição artesanal, 2007); depois lançou os livros Tratado dos Anjos Afogados (Letraselvagem, 2008) e O céu no fundo do mar (Dulcinéia Catadora, edição artesanal, 2009). Poeta e dramartugo, Marcelo Ariel tem recebido críticas em jornais como a Folha de S. Paulo e publicado poemas em revistas literária como a Cult.
Marcelo Ariel pode ser acompanhado em seu blog Cancelando o Teatro Fantasma; Beatriz Bajo mantém o blog Linda Graal e a obra de Mariana Ianelli pode ser conhecida em seu site oficial.
Pós escrito
Mariana Ianella destaca o lirismo da nova obra
Após uma segunda leitura de Conversas com Emily Dickinson... notei também uma presença maior de rimas, o que contribui para o caminho mais lírico tomado pelo poeta como sugere Ianelli. É o caso do seguinte trecho de Conversando com Emily Dickinson, que abre o livro:
doce e raro
é esse silencioso equilíbrio
entre pensamento
e expressão,
para nós
um equivale ao céu
e o outro
à sólida ilusão do chão
por hábito
em ambos
ignoramos
a mão
de uma divindade
enquanto sonhamos
abrindo
essa gaiola sutil
que chamamos
realidade
A imagem talvez seja um tanto brega, mas esse novo livro de Ariel me fez ter uma nova sensação em relação à sua escrita. Ela é como uma chuva que cai sobre nós mas não nos machuca, nos refresca e alivia, nos dá vida e esperança, como em um dos versos de twitter blues: "Nenhuma lógica pode explicar o eterno retorno do fantasma das manhãs".
Estive no Esquisito para prestigiar o Marcelo.
ResponderExcluirQuem venham mais, sempre com a qualidade que lhe é peculiar.
Grande abraço