quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Henri Matisse



Por Orlando Lopes

POÉTICA

arte? é uma família de fantasmas antepassados.

o resto? não é belo nem pálido
não é contra, não é salto
é remédio (ainda) desencontrado

poesia? é uma amiga que sobrevive longe, e às vezes manda lembranças.

o resto? não tem importância (ainda que assim a vida não se faça), é uma coleção de fatos,
é o gosto sem espaço, pingo sem i, puro traço gasto: descansaço: bafo: o enésimo dia do barro

poeta? é uma mão que embaralha as vistas tão claras do homem. mas é também o inverso: quimera racionalizada.

o resto? é a outra mão que (trapaceira) soletra o mundo, cantárida desastrada

poema? é o centro momentâneo do universo.

o resto? é a órbita escusa: é o que não tem musa (é o que desencanta e desconversa). cores dissimuladas, sincronias mórbidas, bocas descaradas. desdesígnio. antiinsígnia. redesvio

: vida atraversada




a minbiob[grafia


Orlando Lopes é poeta, ativista cultural e professor da área de Literatura na UFES. Publicou "Hardcore blues : apocalyptic songs" (1993) e Occidentia (2007).

Link: https://www.facebook.com/pages/Occidentia-Poemas/227366597313708

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