Flávio Viegas Amoreira
E quando soar o sino, não estiveres por perto
o templo ainda reverbera em ti o sentido daquele instante
não mais consolação / ainda assim o silêncio compartido ecoa dum
maio que também partia depois da magia duma noite sem retorno
não tens mais aquele maio / nem mais aquela precisa noite
volta-te ao mar da tua origem: a ele pede reflexos que retenham a
lembrança: que as vagas contenham nas ondas o pó do teu destino
quando o inverno diz mais uma vez solidão
responde terno: tiveste num maio passado pausa ao tormento:
foste o homem com seu amado
das ruas em silêncio / do vinho ainda em teu hálito;
cálamo num casto leito
paixão tão em teu repouso
a vida não é entendível
compreender no vácuo do absurdo
no gesto donde escreve
foste apartado do meu tempo / mas desde o copo a boca nenhum
amargor
ou ranço / poeto, esvoa-ço
é a manhã que me sopra e preenche a fala dos homens que crêem nas
páginas em branco / vai por quem quiseres e aceita que a folha siga
como o ocaso que arde ainda no fogo
torna-te ode / elegia
eras um corpo
agora queda na estante / só amanhece no rosto que move a escrita
longe é onde a ausência é menor que o desespero
impossível é o estado da desistência no bom acaso mal percebido
poesia é a razão sobrevoando de asas soltas
é amor de caso pensado;
se amas, mergulha. nada deve ser deixado pela metade
nem o naufrágio se tanto queiras...
Na fachada do Copan, homenagem de Paulo Von Poser ao centenário de Niemeyer
E quando soar o sino, não estiveres por perto
o templo ainda reverbera em ti o sentido daquele instante
não mais consolação / ainda assim o silêncio compartido ecoa dum
maio que também partia depois da magia duma noite sem retorno
não tens mais aquele maio / nem mais aquela precisa noite
volta-te ao mar da tua origem: a ele pede reflexos que retenham a
lembrança: que as vagas contenham nas ondas o pó do teu destino
quando o inverno diz mais uma vez solidão
responde terno: tiveste num maio passado pausa ao tormento:
foste o homem com seu amado
das ruas em silêncio / do vinho ainda em teu hálito;
cálamo num casto leito
paixão tão em teu repouso
a vida não é entendível
compreender no vácuo do absurdo
no gesto donde escreve
foste apartado do meu tempo / mas desde o copo a boca nenhum
amargor
ou ranço / poeto, esvoa-ço
é a manhã que me sopra e preenche a fala dos homens que crêem nas
páginas em branco / vai por quem quiseres e aceita que a folha siga
como o ocaso que arde ainda no fogo
torna-te ode / elegia
eras um corpo
agora queda na estante / só amanhece no rosto que move a escrita
longe é onde a ausência é menor que o desespero
impossível é o estado da desistência no bom acaso mal percebido
poesia é a razão sobrevoando de asas soltas
é amor de caso pensado;
se amas, mergulha. nada deve ser deixado pela metade
nem o naufrágio se tanto queiras...
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